Esse
texto começa de forma simples. Pensei por vários e vários minutos, olhando para
a tela do computador e pensando em como descrever acerca de um tema que tanto
me deixa pensativa. O texto de hoje é mais sobre como o tema me faz refletir
sobre, então, digamos que seja um relato histórico.
Fui,
durante muito tempo, a única menina da família. Fui protegida pelos meus
primos. Era a bonequinha, a “princesinha” da família. Aos 6 ou 7 anos, minha
família (meu pai, minha mãe e eu) – que antes morava na casa do meu avô. Era
meio que a primeira vez que eu ia encarar a vida longe dos meus primos e isso,
ao menos, não me assustava. Ser a única menina da turma, não deveria ser
difícil. Exceto, quando em algumas brincadeiras, eu era convertida em “café-com-leite”
ou quando era chamada de “Maria-macho”, por querer brincar de algo que “não era
feito para meninas”..
Para
minha família, em geral, eu continuava sendo a “princesinha”, até meus 10 ou 11
anos, quando fui automaticamente “evoluída” a um Pokémon adulto. Eu já era
mocinha, já tinha que ser tratada assim e deveria ser madura. Meu primo, uns 4
anos mais velho do que eu, ainda continuava a ser visto como criança. “Ah, ele
é só um garoto! Ele pode.. Você? Não. Você já é mocinha. Não pode fazer mais
esse tipo de coisa!”. E assim, com 12 anos, eu já era uma mocinha que não podia
ficar correndo, descabelada ou na bagunça, “como um moleque”. Tinha que ser a
bonequinha que fui criada pra ser.
É
só um pequeno relato, se for para se comparar com todas as garotas que passaram
pela mesma coisa, ou até mesmo pior. Garotas que foram atingidas antes, durante
e depois- que ainda sofrem. Todos os dias, sendo atingidas por situações que
não pediram ou que não existia motivo pra acontecer. Nós, eternas garotas,
nunca pedimos para que a sociedade nós fizesse crescer na flor da infância. Falam
tanto de destruir a infância das crianças, como justificativa do preconceito,
mas esquecem que ao tratar uma criança como um jovem adulto, tão cedo, é que se
mata a inocência daquele ser.
Vamos
pensar nos seres humanos como plantas. Por que escolher podar uns, ao invés dos
outros? Por que destinar mais recursos a uns e deixar os outros em condições hostis?
Onde está a justiça e a igualdade, os direitos de livre expressão, quando se
cala a voz fraca de alguém que só quer levantar? Parem de tampar a boca de quem
quer justiça! Parem de quebrar as pernas dos que querem buscar um mundo mais
igualitário.
Gritem!
Andem! Se juntem! Sejam mais fortes do que as pessoas que querem lhe prender.
Reaja! Tragam a chama que muitas vezes, antes que alguém lhe jogue água fria.
Meninas! Sejam irmãs! Amigos! Sejam companheiros!
Simplesmente,
por um mundo mais justo.
(Fonte: http://www.acheicaxias.com/)
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